sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sabão Azul e Branco


Quando ela está lá em cima não vê alem do umbigo e é uma coisa tão esquisita como quando uma mulher está grávida e quer apertar os atacadores dos sapatos e tem que se sentar, senão não consegue porque não vê os pés.
E uma pessoa só se põe em pensamentos destes muito depois das coisas terem acontecido. Porque quando se está lá em cima não há tempo para nada, apesar de  tudo demorar muito mais tempo a ser feito, apesar de todos os pesares. E portanto falamos de uma mulher que quando esteve grávida suportou aquilo que é estar grávida com mestria e se calhar até de pulinhos em Miss Piggy nos dias menos maus de toda esta loucura que Deus nosso Senhor fez às mulheres: pô-las grávidas, sem subtilezas, sem mamas de jeito ou com excesso de mamas de jeito,  barrigaças atrozes -  quando nenhuma mulher suporta uma barriga, não pode ser -  e as pessoas diziam que sim que é sempre giro e bom estar gravidona e  ela pensava sempre que era não, não, não e perguntava às amigas “olha lá, mas tu gostaste de estar grávida?”. E havia umas que lhe respondiam que sim e que o amor delas as achava sexy e que portanto  ficavam excitadas com a excitação deles e que então por tudo e por nada faziam à canzana com os respectivos maridos em super tubos, com certeza porque na gravidez só se pode beber um copo de vinho ao jantar.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

mãe

Ontem almocei com um grupo de pessoas onde houve uma que ficou chocada por eu ter vindo para Portugal e ter deixado os meus filhos no Rio, com o Pai. Os filhos são para estar com as mães. disse. Saí há dois anos do Rio de Janeiro e nunca ninguém me tinha dito isto assim tão directamente. E a mulher não faz sequer ideia do que eu fiz. Seria lá capaz. Bom dia Tom, Bom dia Chiquiti. Mãe.

sábado, 7 de setembro de 2013

O país da "injustiça subjacente" .

Comprei a Lux, toda contente, na bomba de gasolina.
Não tenho guito para comprar a Lux porque também me encontro em "injustiça subjacente" mas caguei.
A Manuela Moura Guedes está com uma cara feliz. Comprei, comprei mesmo,  toda contente: Não aparece esquisita. Nadinha, nada, fodasse, puseram-na bem, os cabrões, merda  até acho que engordou um bocado. Fica-lhe tão bem. Tá tão gira, caralhete, dez a zero! Tanto Supertramp  e Genesis na vida dela tão bom, tão bom, tão bom! Embora usar pontos de exclamação seus padrecos!

E nem tou a ser exagerada. Gosto assim, Gosto assim de quem gosto.
Quando gosto, gosto, e gosto tanto dela! E de a ter e de seguir os meus faróis, os meus meninos, as minhas meninas, a Amy Winehouse, mais fodida que eu e a quem deste muitp mais chances. A louca da Lindsay Lohan, até o Woddy Allen viu que tem as sardas no lugar certo.
E sim, sinto falta do Pedro Ayres Magalhães, claro, que cagou para nós, porque também é um farol e um farol é uma coisa tão linda, mesmo que às vezes sejam maus, ou digam disparates, ou não nos guiem. Mas nada disso ele fez, não desculpo. O Pedro Ayres Magalhães simplesmente calou-se e a mim faz-me falta.
Faróis falam para nós. E faróis não são perfeitos, nem precisam, porque também precisam de faroleiros e faroleiros vestem-se bem, mas são imperfeitos. E o dele eu nem sei, apesar da minha necessidade dele.

Odeio a perfeição do  chatos, dos bancos de comida de quem não adora lojas dos chineses enormes ao pé do fim de Portugal.
A perfeição tipo o casamento do professor Fernando Seara com a Judite de Sousa, não quero aquela merda da câmara de Sintra quando ele quer é a de Lisboa e está tudo estudado pelo faroleiro dele que nunca será tão maravilhosamente imperfeito como o Doutor Mário Soares.

Perfeição é a puta que pariu da fonte no jardim da Lusíada onde ele se fez. Onde eu estudei e tive que lhe dizer que ele não se podia comparar ao Doutor Soares, numa oral de política não sei quê, que nunca me serviu de nada. Somos muito pequeninos no mundo doutor Seara.

(Chegar ao alto dos Dois Irmãos, Carlão, essa é a perfeição. Mas só vc e Carol serão perfeitos nesse momento para mim, porque morro de saudades.)

Até vc Caetano, my master, deveria opinar menos em todo lado e  vc olhos de Chico Buarque escrever menos livros e mais canções e vc  Manuela Moura Guedes ser mais querida com o gasolineiro sem dentes, que sabe muito bem que não tem nem meio neurónio do seu dente.
A Madonna não devia ter feiro aquilo aos dentes, quase morri, mas ok. O Prince não nos fazer gramar duas horas de egotismo puro - apesar da baterista - para ouvirmos só uma música da  nossa vida.
E o meu editor devia tentar disfarçar na TV a falta de paciência com quem nunca foi a casa dele comer a sua tortilha de pimentos e não gosta de comer.
E Eu. Eu, Francisco José Viegas, eu  não devia ter amigos que gostassem de mim e aparecessem sempre que tenho um ataque de pânico. 

É  uma merda, é tudo uma merda, mas nós esticamos cordas porque o mundo é pequenino e pessoas boas têm sorte e podem. Então a Manuela Moura Guedes pode esticar todas. Todas.

Perguntem à pintora Ana Vidigal, se não estico e que me dá o prazer da sua conversa. E faz aqueles quadros, sabia lá eu. Perguntem à Maguie, que me recebe sem perguntar porquê, perguntem ao João Sampaio que aguenta, ao meu lado, todas as minhas bacoradas, ódios de estimação, birras, poesias juvenis começadas por, Quero um beijo que saiba a paz; com a minha mãe a fazer-lhe iscas para o almoço, desde o tempo em que éramos pequeninos e lê aos bocadinhos livros meus que considera mal escritos. Porquê? Porque é assim. 

Sou dada a generalizações, são coisas difíceis de lutar contra. Mas aguento e acho que felizmente aguentamos tudo de quem admiramos.  A  Manuela Moura Guedes aguentou, por isso estou-me nas tintas. Viva!

O que quero dizer é que pessoas especiais podem fazer mal, a Manuela Moura Guedes pode tudo, caralhete, não há ninguém igual, mesmo que se passe, é um momento dela, aguentamos. Estar mal em momentos da vida pode-se  e ela tem até direito de maltratar pessoas sem dentes. Ou preferem a Judite de Sousa, em directo do Algarve?

Tem-me a mim e aos meus de certeza e que a vêm descer lá ao fundo do poço, mas sabemos absolutamente que é brilhante e sem ela somos menos.
Cale-se Caetano Veloso. Separa-se dessa arpia que já cantou e só o fodeu e obrigou a fazer shows no Fasano. Foda-se o Fasano e os novos ricos e os discos maus que fez, com roupa de homem novo e parvalhão.
E Chico Buarque de Hollanda, pare de ir a Budapeste. Budapeste é frio. Budapeste só o fará escrever livros maníacos. Se manca. Você vive no Leblon. Caminhe. Deixe que suas fãs o vejam. Escreva aí. Não vá para Paris. Adriana Calcanhotto, por favor corte essa juba.

Manuela Moura Guedes você é a melhor. Graças a Deus já lhe disse isso. Como estou sempre a dizer que já dei um beijo na boca ao Caetano Veloso. E dei.  Os meus faróis, para vergonha alheia sabem. Digo. Faço. Sento-me ao colo. Só vivo uma vez.
Também o disse à minha tia, que morreu a dizer-me que eu não tinha noção do que era bom beber água gelada por uma palhinha. caralho. A vida pode acabar assim.  Mas também  lhe disse que o Pulido Valente jamais seria o mesmo.

E o seu analista  MMG? N\ao lhe disse que Você fez gerações de jornalistas? Mesmo má, ou boa, sei lá, nunca trabalhei consigo, mas o meu amigo Ganhão, sim  e contou coisas boas e cruéis suas em amor, que eu adorei só  porque ele escolheu Paço de Teixeiró para me falar se si e eu disse, lambes ou não o chão que ela pisa, ao que o menino no Restaurante Caracol retorquiu. Eu não. Mas tu ias lamber e fazer te bem. E isso basta.

Viu a entrevista à "Carminha" no outro dia?  Ou sou louca, ou a jornalista gira só pernas e parvalhona queria era ser amiguinha da Adriana Esteves?  E sabe o que vc me ensinou? Não é a comer os entrevistados que vamos lá.  É  a fodê-los até ao tutano com estilo.
E agora MMG,  aqui comendo uma Rufflles, cheia de estilo, sabe quem eu acho que fazia isso tão bem como a Manuela? O Carlos Cruz. 


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

need you. apesar da gorda

Se as coisas tivessem uma explicação inegável era muito mais facíl. Diríamos uns aos outros em conversas banais num Domingo feliz:  Tem que haver um Deus que nos faça isto, que nos tenha posto aqui hoje, que nos tenha posto antes a  ouvir Pink Floyd -, que nos tenha oferecido, mascarado de outra pessoa, está claro, porque era um lugar tão banal como a porta do Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica - o livro A Casa dos Espíritos, da Isabel Allende. Ou o Kundera, o perfumoso do Kundera que só é verosímel para miúdas que vão ser esquisitas o resto da vida por sublinharem passagens dos livros do senhor em que entram outras miúdas nuas, de chapéus de côco, a ver coisas, como os próprios pipis reflectidos em espelhos barrocos, em apartamentos, em Praga.

Xixi-Cócó.  Porque aqui sentada, 43 anos nunca tive um ente querido que me tivesse dito - caridosa ou professoralmente, tou por tudo, que seria melhor ir ouvir Delfins, que falavam na Bahia de Cascais e lá era onde ficava aquele bar onde os bons bebiam Bloody Marys por forma a prosseguir, um tipo de jornalismo literário professado por eles e um grupo de pessoas felizes que fingiam que não comiam pipocas e portanto não tinham que fazer nada à Guida Gorda, para entrar no Frágil.
Exemplo pratico. Nos anos oitenta a Guida Gorda era o Demo para os under thirtysomething que ela julgava por terem predilecção por pipocas.  Ela sabia.
Nessa altura tentei entrar umas 16 vezes no Frágil, das quais três foram bem sucedidas porque as pessoa que estavam comigo não comiam pipocas (não comem até hoje)
Era a barreira do Demo e Deus Nosso Senhor toda a década de oitenta,  Privando uma geração de pessoas normais de ENTRAR  no Frágil, de ver os artistas lá dentro, de ver os picolhos, as fufas, os anormais, os anões, os músicos e até alguns poetas mesmo poetas.
 Pior, privando-me do meu amor, das músicas, das bebidas, das casas de banho e do que estava lá dentro tão giro impedindo o acaso de despachar na minha vida.

Foi Ela, mais Deus maldoso que  proibia acasos entre comedores e não comedores de pipocas. Só porque não queria misturar os dois senhores.
E  meu amor tão gira, tão cool, lá dentro, sem mim, sem pipocas, sem o Rio, sem chocolate, sem me poder dizer que Ipanema era o nosso lugar, prepara-te que a tua vida vai ser assim e Mómó, esquece lá  o Kundera e a senhora  que estão no saco enganoso das coisas de Deus quando trabalha sem o Diabo.
E os dois interessar-nos-ão menos que o Miguel Ângeloe os Delfins,  na nossa vida, tenhas tu a idade que tiveres e eu a idade que tiver e  nos apareça ele a ajudar os golfinhos da Margarida Pinto Correia,  ou a comer um gelado no Santini porque nos passou à frente com o cartão habitué, ou a olhar para as maminhas da Rebelo Pinto naquela foto da Caras.
É uma questão de filosofia da proximidade. O Miguel Ângelo está perto, há-de ajudar-nos ou ir ajudar nas nossas zangas com o Nasce Selvagem,  a ficarmos pertinho uma da outra, apesar da Gorda e do que o Kundera e suas malucas checas cheias de frio e ideias suicidas nos fizeram pensar.

Mómó, mulher alguma se vê  assim ao espelho, toda  nua de chapéu de côco, a não a Juliette Binoche ou a Lena Olin a fazerem-se ao Daniel Day Lewi porque a Michelle Pfifer já as encanitava em sonhos invejosos e doentios à procura da perfeição que lhes permitisse entrar no Frágil.

Esquece lá isso tudo e  as tuas mágoas e lembra-te que Deus aparece em dias quentes, numa igreja branca e azulzinha em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, onde nasceram o  Caetano Veloso e a Maria Bethânia e nunca foi ao Frágil só a lugares como a  porta do Frágil, para te fazer olhar para as tuas impotências. Tu, mómózona parvalhona, comes pipocas e não escreveste Baby, ou Sampa, ou Eclipse Oculto, nem cantavas, cantas ou cantarás as maleitas daquela senhora como a Bethania lhe canta e nos canta as nossas coisas e nos fode a cabeça e os cotovelos,porque ela sim é Deus e o Diabo. Quantas vezes  foste para casa, mandada por ela, morder pescoços lindos para te esqueceres que a gorda te impedia de ser feliz e eras ainda mais feliz?

Olha, pensa bem que ainda outro dia não foi nenhum Deus supremo barrador de felicidade que te pôs em cima do Sedgway e te fez feliz. Fui eu e o Diabo e os teus filhos juntos que fizemos esforço e morremos de vergonha alheia até te equilibrares em cima do Segway e teres a certeza que os dois caminham juntos e isso é bom. Se os deixares entrar.



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Brasil visto daqui e das músicas todas que aparecem

é tão lindo. Dá tanta saudade. Até a Avenida Princesa Isabel. Até as ruas mais claustrofóbicas de Copacabana onde eu ia ao dentista toda irritada porque tinha que ir ao dentista. O dentista com vista feia para os prédios decadentes e lindos de Copa, morros tão feios.
É uma maravilha esta imagem que posso ter, depois de todos os anos-novos, da Judite de Sousa a julgar a nossa vida, do stress das roupas brancas para todos, das roupas brancas, (nós não precisávamos disso e sim, em homenagem a Ela), dos táxis que deixavam de existir nesse dia para voltarmos ao Leblon, onde era a nossa casa e onde é lindo viver.
Dava oito meses para estar aí já amanhã, para me transladar, para ver as putas chiques convidadas pelos bofes de meias e sandálias para o Porcão de Ipanema e sabia rir disso e adorar mesmo assim tudo e tudo mesmo ao mesmo tempo que nos odiava e à nossa felicidade carnificenta e não podia mais com o Rio e todos os amigos riam de mim e da minha futilidade tediento-internetica.
O Brasil, visto daqui, tão longe e das músicas todas que me aparecem a toda a hora, é foda. Uma foda tão grande e tão sozinha e tão minha, que não sei como não matei ninguém que não estava ali quando ouvi o  Djavan, a Cássia Eller, a Ana Carolina, o Caetano, a Gal na praia e o cabrão do Gil de unhas pornográficas e mulher linda, sei lá onde. A Marisa Monte e a Mart´nália no CCC a cantar à minha frente e à frente do Gabinete Português de Leitura iluminado à noite com pobrezinhos a dormir nas escadas que ficam amarelas da iluminação. E foi tão perfeito.
Quanto ao Francisco Buarque de Hollanda. Uma vez, sim, de bicicleta e outra a pé à porta de casa, mas uma pessoa fica baralhada e não tenho a certeza. Mas foi o meu irmão Miguel que gritou pelo velhote mais lindo de nós todas. Eu cá sou Carioca e por isso nunca vi a Maria Bethânia.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Your love will be Safe with me

Não oiço vento em Cascais. Não me oiço a mim nem a vocês. Tivemos um dia bestial, houve sol e vocês estavam felizes, da forma que nos é possível estarmos felizes. Voltam amanhã à vossa vida e a vossa vida é sem mim ao pé. E crescem e respiram sem mim e fazem amigos sem mim e não conheço os vossos amigos que espero vos cuidem como os meus me cuidaram. Não corre o vento de cascais para me ajudar a dormir até amanhã. Estou triste e vocês aguentam a minha tristeza com o vosso riso e a vossa maneira de me mostrar que estou em vocês todos os dias que não estou porque escolhi não estar e vocês lá entendem isso dentro de vocês da maneira que arranjaram para me desculpar a minha escolha. Lembro-me de nós no Rio, lembro-me de tudo e sei que pelos vossos risos que recordo todos os dias que acordo que são felizes lá. Ipanema faz qualquer um feliz. Ipanema fez-nos fortes e mostra-vos todos os dias o caminho. A mim também. You´re love will be safe with me.
A nossa vida é feita de escolhas que doem, escolhas que fazem rir. A nossa vida tem sido passada em aeroportos. Espero por vocês aqui, vocês esperam por mim lá. Enquanto isso falamos por códigos, por coisas não ditas, por cada coisa que escolhemos viver e ser, por tudo o que acreditamos uns nos outros. Os três. Prometo ser sempre mais forte que vocês. Temos o amor, a saudade, as estrelas em Montemor, as nossas falhas, as nossas fotografias nos quartos uns dos outros. Adoro as gaivotas de Cascais, adoro os caixotes do Rio, as vossas adições à internet a vossa capacidade de se despedirem de mim nos aeroportos. You´re love wil be safe with me. É uma música triste quase como o teu Wish you where here, Tomster. Até já. Portem-se bem.