sábado, 29 de junho de 2013
O culto da feiosidade
O Nuno Artur Silva tem o valor que tem. Já lhe pedi emprego, já fui a um casting para um programa no Canal Q. Adorava ter um programa no Canal Q, ou até um naquele canal do Correio da Manhã, quem sou eu. Adorava poder ganhar algum dinheiro com aquilo que gosto de fazer, falar, dizer merdices, opinar, generalizar, achar-me o máximo, pouco compreendida, trabalhar no Canal Q. O despeito é uma idiotice e isto até pode ser despeito porque ninguém me quer a escrever para lugar nenhum. Não recebo convites, não têm interesse nenhum em mim, mas o Canal Q devia deixar-se de merdas e empregar, também, pessoas giras e verdadeiras. Há um senhor no Canal Q que faz umas entrevistas num programa intelectualmente pedante, e muito parvo que se acha o máximo a humilhar os tarados que lá vão. O Canal Q podia empregar pessoas que não se vestissem propositadamente na Loja do Chinês e morassem em Cascais. Nomeadamente a mim, que agora vivo em Cascais e que às vezes até posso parecer pouquíssimo suburbana. O Canal Q parece uma grupeta de vingativos cientes da sua feiura e da sua suburbanidade e da sua intelectualidade especial e do seu humor único e brilhante. O Canal Q é para mim o retrato do país que adora Massamá. Um dia também achei graça ao Canal Q. Agora irrita-me imenso. Deve ser porque estou velhota para as brincadeiras obtusas que por lá passam. Gozar com os que são diferentes de nós e achar que isso é uma coisa "muita gira" não deveria ser interessante. Bom dia, bom fim de semana e viva as pessoas que já andam irritadiças com o Q.
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