domingo, 28 de abril de 2013
Como Van gogh, woody Allen, susan sontag ou uma foto da annie leibovitz, O Flirt.
O flirt é a seguir a dormir a melhor coisa do mundo. Flirtar faz bem a nós e à nossa pessoa amada. É como ressuscitar, como tomar um banho gelado e depois ir dormir em conchinha para o pé do amor com quem já flirtamos muito. Escolher um bom flirt é uma arte. É saber que ele nao nos vai foder, nem quer, nem nós a ele. Por exemplo, Só se pode flirtar bem com pessoas que adoram as nossas pessoas amadas, senão não nos estamos a portar bem, não senhora.
terça-feira, 16 de abril de 2013
"Mãe, Tem que ter calma no seu coração."
Vai ser um despudor. Vai finalmente ser um despudor. O que aqui vou escrever, sobre o que aqui vou escrever. O meu sexo, o sexo, qualquer sexo não é nada. Mesmo que fosse escrever sobre sexo com anões, com animais, com infantes. Ou mesmo que não fosse sexo e fosse outra coisa qualquer má, que expusesse a mim ou a alguém. Já fiz isso de mentira, tudo mentira. Da minha experiência, que é uma merda, as pessoas gostam de acreditar, ou acreditam mais depressa na mentira ou ficam mais excitadas com a mentira do que com a verdade.
A verdade, aquilo sobre o que nunca fui capaz de escrever foi sobre ser mãe. Foi sobre estar sempre a dizer adeus aos meus filhos. Porque isso eu não sei desrever. Porque isso não se conta. Como não se conta as vezes em que quis ser boa mãe e não pude. Porque fiz uma escolha e choro todos os dias sobre essa escolha, sobre perder, sobre não saber, sobre não os ver todos os dias. Isso é o despudor. Isto é um despudor com que conto para me conseguir pôr em pé todos os dias de manhã. Todops os dias em que não sei como ela vai para a escola, em que não lhe dei dinheiro para o lanche, em que não sei se tem frio ou calor. Porque os meus filhos, que são a melhor coisa que fiz na vida, vivem no Rio e eu vivo em Lisboa. O pior são as coisas pequeninas. São os silêncios que escolhemos ter porque sabemos que faltam 120 dias para voltar a estarmos juntos. E nunca mais estamos juntos. Nem nunca mais podemos chorar na frente uns dos outros sem achar que nos estamos a fazer um mal imenso. Os filhos são para estar com as mães. Todas as coisas que não vou ter oportunidade de lhes dizer. As coisas que já não me conseguem dizer. Os vestidos que não a vi usar, os braços dele e tudo nele que está um homem.
Quero dormir. Quero não chorar, quero ser adulta e aceitar-me e aceitar a escolha que fiz, o mal e o bem que lhes faço, saber que sabem que gosto tanto deles apesar do Oceano e de nunca mais os ter acordado para irem para o colégio. Podia continuar. Estou certa que o despudor é isto. Mas de nada me vale. Obrigo-me a parar. O despudor é isto: Viver todos os dias assim tão longe.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
E não me voltes a dizer que não acreditas no Menino Jesus
Como te amo, o que eu amo, até quando amarei, como te quero, ainda, quando já seria altura de não te querer tanto assim porque me habituo aos rituais cedo demais devido a inconstâncias, outros países que já vimos e banalidades que já vivemos com outras pessoas. Por exemplo à banalidade dos almoços fenomenais na Susana e aos jantares em Ipanema e às tuas vontades de descobrires o brilhantismo nos outros, quando esse brilhantismo está precisamente no mapa de estrelas sardentas que só tu viste no meu rabo. E eu sei que já não quero descobrir mais nada. Porque te tenho a ti e aos teus Iogurtes Gregos e ao Leite Ucal com Chocolate que nunca ninguém tinha tido o amor de comprar para mim sem precisar perguntar se eu queria.
O amor - este amor - é tanto e tão mal tratado que não acreditas e eu também não te sei explicar, não quero explicar, estou a dormir, não me acordes. Talvez ele seja novo, porque não é uma coisa racional que eu te possa dizer, estou a dar-te o meu melhor e o meu pior para te mimar, segurar, convencer, apaziguar. Porque eu não sei o que é um amor que dure assim, porque nunca tive, porque sou uma perneta amorosa e faço como sei e como presencias diariamente, não sei nada. Não ligo telefones, não faço favores, não deixo de beber, de querer ser eu sozinha como se tu não existisses. E isso é realmente risível, obtuso, egoísta, mau, de propósito, para ti.
Construo um mundo ao teu lado porque quero. Quero tanto que me atrapalho toda em outros amores e outras conversas e pessoas de onde ainda estou a sair. Talvez por isso, me apanhes toda defeituosa, toda em faltas, toda em culpa, em manias, em certezas, vaidosíssima do meu passado e das minhas pessoas. Que quero que aches sensacionais e isso só tem um nome: Maldade.
Preciso de alguém que me explique porque nos vieste perguntar se éramos da Tap. Estúpida. Linda. Cheia de castanholas e força e acaso com que brincaste tão elegantemente. Dona da Praia, dona do meu Iphone onde não consegui teclar sequer o teu nome.
Por isso há um Menino Jesus que nos cuida às duas. E me deu tu, e te deu eu: a murros sairemos nós.
Acredito em ti não por necessidade mas porque senão seria toda baralhada. Mais baralhada, mais triste, mais egoísta, com menos pessoas, mentindo às pessoas. Sem ti.
Tens que acreditar que a cor da tua pele me faz coisas químicas e os teus ombros e braços também fazem coisas físicas e que aquela tua vontade de rir quando fumamos um piriri e voltas a ter quinze anos e és a menina gira e loura do colégio das freiras irlandesas - que não sabe o mal que faz às freiras irlandesas só por existir - és o centro do teu mundo. Então repara é aí, Monica Tiple, que todos os teus amigos e eu nos calamos para te ver e ouvir.
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