quarta-feira, 10 de abril de 2013

E não me voltes a dizer que não acreditas no Menino Jesus


Como te amo, o que eu amo, até quando amarei, como te quero, ainda, quando já seria altura de não te querer tanto assim porque me habituo aos rituais cedo demais devido a inconstâncias, outros países que já vimos e banalidades que já vivemos com outras pessoas. Por exemplo à banalidade dos almoços fenomenais na Susana e aos jantares em Ipanema e às tuas vontades de descobrires o brilhantismo nos outros, quando esse brilhantismo está precisamente no mapa de estrelas sardentas que só tu viste no meu rabo.  E eu sei que já não quero descobrir mais nada.  Porque te tenho a ti e aos teus Iogurtes Gregos e ao Leite Ucal com Chocolate que nunca ninguém tinha tido o amor de comprar para mim sem precisar perguntar se eu queria.

O amor - este amor - é tanto e tão mal tratado que não acreditas e eu também não te sei explicar, não quero explicar, estou a dormir, não me acordes. Talvez ele seja novo, porque não é uma coisa racional que eu te possa dizer, estou a dar-te o meu melhor e o meu pior para te mimar, segurar, convencer, apaziguar. Porque eu não sei o que é um amor que dure assim, porque nunca tive, porque sou uma perneta amorosa e faço como sei e como presencias diariamente, não sei nada. Não ligo telefones, não faço favores, não deixo de beber, de querer ser eu sozinha como se tu não existisses. E isso é realmente risível, obtuso, egoísta, mau, de propósito, para ti. 

Construo um mundo ao teu lado porque quero. Quero tanto que me atrapalho toda em outros amores e outras conversas e pessoas de onde ainda estou a sair. Talvez por isso, me apanhes toda defeituosa, toda em faltas, toda em culpa, em manias, em certezas, vaidosíssima do meu passado e das minhas pessoas. Que quero que aches sensacionais e isso só tem um nome: Maldade. 

Preciso de alguém que me explique porque nos vieste perguntar se éramos da Tap. Estúpida. Linda. Cheia de castanholas e força e acaso com que brincaste tão elegantemente. Dona da Praia, dona do meu Iphone onde não consegui teclar sequer o teu nome.

Por isso há um Menino Jesus que nos cuida às duas. E me deu tu, e te deu eu: a murros sairemos nós. 
Acredito em ti não por necessidade mas porque senão seria toda baralhada. Mais baralhada, mais triste, mais egoísta, com menos pessoas, mentindo às pessoas. Sem ti.
Tens que acreditar que a cor da tua pele me faz coisas químicas e os teus ombros e braços também fazem coisas físicas e que aquela tua vontade de rir quando fumamos um piriri e voltas a ter quinze anos e és a menina gira e loura do colégio das freiras irlandesas - que não sabe o  mal que faz às freiras  irlandesas só por existir - és o centro do teu mundo. Então repara é aí, Monica Tiple, que  todos os teus amigos e eu nos calamos para te ver e ouvir. 

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