Podia dizer-te que tenho um ritmo de escritora, que só gosto muito de vinho, pessoas, livros, discos, supermercados cheios de velhinhas, comida, a partir das seis e meia da tarde mais ou menos. E que tu terás que viver com isso e com a minha preguiça matinal. Ou posso explicar-te que talvez eu seja um morcego, olha lá os meus dentes que achas tão giros quando estás de bem comigo, quando relevas o facto de eu me ter habituado a dizer que sou uma escritora porque isso me convém e nos convém a alinhar os tempos do nosso amor porque nos conhecemos mais tarde do que as pessoas que se perdoam, pequenas implicâncias, tempos usados de maneiras diferentes, se costumam conhecer. Mas ajuda-me, não me digas que te vais embora porque não aguentas mais o meu amor ao sono, quando o dia está lindo em Ipanema e eu te deixo sair para a rua sem mim. Sai sem mim. Vai sem mim. Deixa-me eu acordar sem saber onde estás, ou onde estão as pessoas que eu sei que me desculpam as minhas arritmias do coração. As melhores amorosas hão-de ser preguiçosas corporais.
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