Depois de um ano em Portugal esta crónica é piegas.
Desculpem toda ela estar a cantar aquela músiquinha dor de cotovelo, mas está
cheia de saudades da Cidade Maravilhosa e a chorar muito com o reencontro.
Outras crónicas devem estar cheias de vergonha alheia. Mas não faz mal. A crónica não está nem
aí. A crónica está aqui zonza das primeiras batidas de maracujá e toda
apaixonada pelo chão que pisa e muito nas tintas para os amiguinhos
ironizantes, porque a crónica quase desabou e caiu na areia da praia de Ipanema
ao rever o Vidigal todo iluminadinho – inho, sim inho - à noite e achou logo certíssimos os
encantamentos que o postal provoca, aquela belezura, aquela força da natureza
que parece um presépio tão lindo à noite. E a crónica diz que sim e que
sim, com força e a cabeça a abanar,
os olhos mareados de lágrimas e as pernas a falhar, que devia era estar toda
maluca quando se foi embora, cansada de adormecer a olhar para o morro e
acordar a olhar para o morro e triste com a mudança subtil no comportamento dos
garçons cariocas que, às vezes, já não a tratavam tão bem, vá-se lá a saber
porquê. Guito, guito. Guito, estes gajos estão cheios de guito e o guito
transforma as pessoas.
A crónica estava tão parva, nessa altura, que a crónica
conta; a crónica tinha saudades das pessoas na terrinha e do peixe fresco e da
primavera e do cheiro dos manjericos e voltou, voltou para um amor que já não
era: uma coisa triste, que entristece as suas pessoas e as torna pequeninas, a
pedir tostões àquela fraulein feia, obviamente ressabiada por nunca ter
experimentado os prazeres da brazilian wax.
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