domingo, 18 de novembro de 2012

A Pedra do Arpoador

Ninguém passa por um pôr do Sol na Pedra do Arpoador incólume. Incólume é uma palavra horrivel que normalmente não uso no meu vocabulário e o que eu quero dizer é que quem alguma vez já acabou um fim de semana a assistir ao espectáculo não vai voltar nunca mais a ser a mesma pessoa. Acho que hoje havia até policiais militares - vindos da parada gay em Copacabana - emocionados com a cena. Ninguém precisa pagar bilhete e esta deve ser uma das últimas coisas que não se pagam no Rio, além de ir à praia, ou caminhar no calçadão em direcção ao Leblon, com os Dois Irmãos na nossa frente. É uma coisa que nos faz feliz, pequenos seres felizes demais, seres sem músculos, sem pose, sem medo do fim do mundo e acompanhados de todos os amigos que não estão a ver aqueles minutos de lindura que nada têm a ver com nada. Têm a ver com o que temos dentro de nós para dar aos outros. Têm a ver com lembrarmos de quando éramos sentimentais e aguentávamos o sentimentalismo dos outros. Tem a ver com o mundo melhor que os nossos putos não vão ter, porque há pessoas que nunca viram o pôr do Sol no Arpoador e não querem. Porque é perigoso demais. Ou como apertar pintainhos.

Um comentário:

  1. Olá Mónica,

    há quase 17 anos, a minha 1ª noite de Lua de Mel, de Rio e de Brasil foi passada no hotel Arpoador, situado nesse ponto fantástico de que você fala no seu texto. Nunca esquecerei as 3 noites, por todos os motivos, todos excelentes e por mais um, importantíssimo: deitar-me, adormecer, acordar a meio da noite, voltar a adormecer e ver nascer o dia com o barulho do mar, o cheiro intenso da maresia, mesmo ali, por baixo da varanda do meu quarto!
    Nasci em ÁFRICA, ANGOLA, onde vivi até aos meus 12 anos. ÁFRICA É MUITA COISA NA MINHA VIDA, MAS O MAR, o barulho do mar, o eterno vai-vem das ondas, causa-me sempre uma sensação indescritível de paz, de prazer, de retorno à infância.
    O Hotel Arpoador faz parte dessa minha ligação ao mar e ao "reencontro no Brasil com sensações e memórias que me ligam a ÁFRICA".
    Obrigada.
    Tatiana Pascoal

    ResponderExcluir