sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Um abraço no coração, salvo seja

Quando tinha 14 anos tinha uma amiga querida, na Escola Secundária de Benfica, que quando me escrevia cartinhas - daquelas BFF - acabava as missivas com: Beijos com sabor a chocolate; Beijinhos Croissants ( que eram aqueles que tinham acabado de chegar a Lisboa, croisants com recheio).  Uma coisa tão pura e uns beijinhos e abraços tão queridos que era como se eu não tivesse mais ninguém, como se ela, nos 14 anos dela, sentisse que as pessoas daquela idade só se têm umas às outras. E só. Porque mais ninguém interessa. Pais principalmente. Ela não era uma principiante no amor e em espalhar a cena boa da canastrice amorosa . O que só percebi mais tarde quando soube que tinha acabado pediatra porque tive a certeza de a ter visto a tomar uma água de coco na praia.
Os beijinhos com sabor a chocolate eram recebidos por mim calada. E acho que nunca mandei beijinhos com sabor a ela nem a ninguém apesar de às vezes, no fim das cartas me ter apetecido.
Não sei se hoje ela ainda acaba assim as cartas dela. Espero que não, pelo menos para as outras pessoas. Isto é porque cresceu, Mas esperaria que sim, talvez com sabor a caju, se mais alguma vez Ela me escrevesse. É que foram estes beijinhos e pessoas que escreviam a várias cores, ou daquela maneira que são as palavras todas ligadas, que fizeram de mim o que sou hoje: Beijoqueira.  Que é uma coisa bela para os amigos em quem penso quando estou a ver o pôr do sol na pedra do Arpoador, ou aqueles a quem nunca dei um beijo e estão com saudades minhas.

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