terça-feira, 6 de novembro de 2012

Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - Antônio Carlos Jobim

Quando voltei a Portugal a pensar que tinha saudades e ia passar mais tempo com as pessoas e escrever crónicas em jornais que tivessem guito para pagar pelas coisas, tive amigos que olharam para mim horrorizados e me disseram que estava maluca. Ou mais maluca do que sou. Acho até que se formou um grupo de apostadores, que reunia às quartas feiras - sem eu saber - para irem fazendo um ponto da situação: Quanto tempo mais aguenta "a gaija".  Um ano. Um ano foi o que aguentei, cada dia mais longe das pessoas, mais chata, mais velha, mais olheirenta e deprimida. Uma vez no meio daquilo tudo mandaram-me ao cabeleireiro, tal era a podridão. Acho até que foi a minha filha, pelo skype.
Fui. Fui ao cabeleireiro um dia depois de ter passado no centro de emprego da área mais próxima da minha residência. E reconheço que estava desesperada e que por isso a lavagem capilar não chegou a levantar o meu estado de espírito. É que no Centro de Emprego me tinham  comunicado que havia lá uma "coisa" para oferecer a alguém. Alguém que não fosse totalmente desempregada - como eu -  e recebesse 300 euros mensais - como eu.  Foi então, que para meu espanto e em segredo, me revelaram a oportunidade fantástica: A Palhaça Tété estaria a precisar de alguém para trabalhar lá nos escritórios. Queriam alguém. Eu também.  Eu também estava a precisar de alguém e de trabalhar, mas nunca, nunca, jamais, e isto é em francês que ela tem cara de francófona, da Palhaça Tété e do circo e daquele Chapitô todo cheio de trapezistas, a quem sempre quis meter num foguetão para Marte. Deus dá-nos sinais, nunca mais vou esquecer a cara da senhora do Centro de Emprego. Obrigada.

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