quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tricot para o infinito

A uma altura da vida a minha tia fazia tricot para o infinito. Era giro, era excentrico e nós achávamos que era para nada. Ela estava bem, era uma pessoa feliz e cheia de amigos, mas nunca deixou de tricotar para o infinito. Fazia cachecóis para o nada mesmo, só para treinar. porque quando acabava a lã ela desfazia tudo para voltar a fazer com a lã usada.
Como os namorados que nunca deixaram de ser namorados mas se zangam e deixam por um bocadinho mas depois fazem as pazes. E o caminha fica junto. E a fazer as pazes recomeçam como se a linha fosse nova e caminham para um ponto de interseçaõ que nunca vão encontrar, porque não são iguais e nunca vão chegar juntos, ou ao mesmo tempo ao amor total que têm um pelo outro.
Imaginem as dificuldades no amor, as diferenças de criação, de idade de côr. Impossível isso  tudo fazer com que se chegue junto. O que é muito diferente de dizer que o amor é impossível quando há diferenças que os amantes não vêm e vêm e sem falar nada tentam ultrapassar como se não fosse nada. O amor chega a uma pessoa numa altura e a outra noutra altura. Nunca chega junto aos dois. Aquele a quem chega primeiro convence o outro que tudo aquilo é muito - essa é melhor altura no amor - e aí ele é bestial. Porque o outro já lá está e faz de conta que não está. Me engana que eu gosto, diria a Monique Evans nos anos 80.
Esta prosa porque preciso de escrever e dizer que continuo a achar que nas vidas das pessoas mesmo as muito atentas e conroladoras há acasos. E se tudo correr bem fazemos grandes novelas. Tudo o que desejo aos amigos.

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